segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Não leia...

"Não leia para contradizer e contestar
ou para acreditar e tomar como certo,
nem para descobrir assunto de conversa.

Leia, isso sim, para pesar e considerar".
Bacon (1561 - 1626)

Um abraço,
Gustavo

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O elixir da longa vida

Não tenho dúvidas de que a ciência tem desempenhado um papel fundamental em nosso cotidiano. Tem prolongado vidas, por exemplo, que - de outra forma - já não estariam mais entre nós há muito tempo. A dificuldade, no entanto, é que falta uma coisa. Falta o “x” da questão. Falta descobrir como fazer as pessoas viverem mais e melhor, já que, se não for assim, todo o resto será apenas o prolongamento de uma vida que já deveria ter acabado (será sofrimento, enfado e cansaço).

Não que o aumento da expectativa de vida e os desdobramentos possíveis não me agradem. Agradam-me, sim! E muito! A questão, porém, é que me causam horrores também. Na verdade, fico sempre refletindo: que triste seria querer morrer e não poder...

Clarice Lispector tratava desse dilema numa crônica simples e despretensiosa intitulada “A eternidade num chiclete”. Dizia ela que o peso da eternidade, ao que parece, é maior do que imaginamos. Mas o problema é que só nos damos conta disso quando já é suficientemente tarde e já não importa muito viver.

Insisto: falta o “x” da questão. Números e qualidade. Aliar os dois ainda parece ser um sonho distante, ainda que isso, por si só, não deixe de alimentar nossas fantasias mais antigas todos os dias. O elixir da longa vida, afinal. A imortalidade. Será possível?

Gustavo Miranda

domingo, 11 de janeiro de 2009

O quase encontro

E, de fato, num belo dia, o telefone tocou. Era ela. Estava em São Paulo. Queria marcar um encontro. Marquei. Claro. O que eu podia fazer? Esperava por aquilo há anos. Três minutos de conversa e eu já tinha em mãos um endereço e um horário para encontrá-la. Era tudo o que devia ser... mas eu nem acreditava que o dia havia realmente chegado (acho que nem ela). Lembro-me de ter saído apressado de casa, levemente pensativo, para ir ao local combinado (afinal, eu estava preparado para aquilo?). Era um shopping. E estava cheio. Na verdade, lotado. A pressa me fez chegar 30 minutos antes do horário marcado, de modo que minha mente, vendo tanta gente passar e passar, começou a fantasiar coisas inesperadas, que nunca até então tinham feito parte de minhas mais estranhas elucubrações. Decidi, então, me esconder por um momento no corredor dos banheiros. E lá fiquei. 40 minutos. Fazendo de conta que procurava um cartão telefônico para ligar para não sei quem.

E foi dali, do corredor dos banheiros, que eu a vi chegar. Soube que era ela desde o primeiro instante. Porque ela me procurava. Olhava para os lados e não me achava, seus olhos penetrantes na multidão, esperando por mim, aguardando no meio do salão. De longe, contemplei seu rosto discretamente. E cheguei mesmo a pensar que sentia o cheiro de seus cabelos macios. Era linda. Muito mais do que eu imaginava. A pele branca contrastando com seus cabelos negros e olhos claros. Sua expressão preocupada, de quem espera alguém, tornando-a ainda mais bela e sedutora. Foram minutos de prazer. Prazer visual. Um prazer iniciado há dois anos, numa sala virtual, de Internet, que se concretizava dentro daquele shopping, no meio de tantas pessoas estranhas.

Na verdade, aquela tarde só não foi melhor porque "esqueci" de fazer o que qualquer pessoa em sã consciência teria feito. Não fui ao encontro dela. Não tive coragem. Não me apresentei. Não levei um presente. Nem mesmo disse "oi". Em vez disso, saí, de fininho, e cometi o maior de todos os pecados. Deixei uma donzela, linda, esperando, e nunca mais dei notícias.

Um abraço,
Gustavo