sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O silêncio das palavras

Tantas palavras no dicionário. Tantos sinônimos. Antônimos. Adjetivos. Substantivos. Tantas expressões e nenhuma capaz de explicar o sentimento que se tem ao lado da pessoa amada. Nenhuma capaz de intuir a emoção que se sente ao beijo da mulher apaixonada. Pois, se há algo que verdadeiramente distingue os seres humanos dos outros animais, tal diferença só pode ser encontrada do lado de dentro, na alma, lá onde o silêncio das palavras enfatiza a total inutilidade das descrições e, também, a efemeridade (e eternidade) dos sentimentos.

Gustavo Miranda 
  

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A nudez e as máscaras

A nudez, seja de que tipo for, mostra sempre menos do que a mente imagina e mais do que ela, de fato, gostaria de ver. Eis a razão de nossa preferência pelas máscaras e por tudo o que possa maquiar temporariamente a realidade. Não é fácil aparecer nu, diante de todos, despir-se de rótulos e de títulos, livrar-se das vestes, abrir o peito e mostrar o que há de melhor ou de pior no seio de nossa alma.

Gustavo Miranda

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Ausência

Fui a um templo religioso. E tive uma experiência de ausência. Ausência no sentido de não encontrar o anfitrião da festa, Aquele sobre o qual muitos falam e para o qual dirigem a palavra. Não O vi. Altar vazio, em vez disso. Cheguei até a pensar que Ele poderia ter-se escondido atrás do piano ou no meio do coral. Mas errei. Ele também não estava lá nem em lugar nenhum. Ausência total. Cansado desse esconde-esconde espiritual, levantei-me e fui embora. Lá fora, já bem distante das músicas e dos apelos, a criança que guardava o carro deu-me o sorriso mais bonito que já vi, simplesmente por ter ganhado uma moeda. Então eu O contemplei. Estava lá. Fora dos templos e dos interesses humanos. Num simples sorriso. Num simples encontro casual.

O indizível. O inexplicável.

Gustavo Miranda