quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O elixir da longa vida

Não tenho dúvidas de que a ciência tem desempenhado um papel fundamental em nosso cotidiano. Tem prolongado vidas, por exemplo, que - de outra forma - já não estariam mais entre nós há muito tempo. A dificuldade, no entanto, é que falta uma coisa. Falta o “x” da questão. Falta descobrir como fazer as pessoas viverem mais e melhor, já que, se não for assim, todo o resto será apenas o prolongamento de uma vida que já deveria ter acabado (será sofrimento, enfado e cansaço).

Não que o aumento da expectativa de vida e os desdobramentos possíveis não me agradem. Agradam-me, sim! E muito! A questão, porém, é que me causam horrores também. Na verdade, fico sempre refletindo: que triste seria querer morrer e não poder...

Clarice Lispector tratava desse dilema numa crônica simples e despretensiosa intitulada “A eternidade num chiclete”. Dizia ela que o peso da eternidade, ao que parece, é maior do que imaginamos. Mas o problema é que só nos damos conta disso quando já é suficientemente tarde e já não importa muito viver.

Insisto: falta o “x” da questão. Números e qualidade. Aliar os dois ainda parece ser um sonho distante, ainda que isso, por si só, não deixe de alimentar nossas fantasias mais antigas todos os dias. O elixir da longa vida, afinal. A imortalidade. Será possível?

Gustavo Miranda

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