Uma aluna perguntou essa semana se sou agnóstico. Respondi que sim. Uma outra, que estava ao lado ouvindo a conversa, disse que não sabia o que era isso. Então respondi: é uma posição mais filosófica do que religiosa, comum entre aqueles que acreditam não haver provas suficientes para crer num ser superior, mas que não descartam a possibilidade de um deus ou deuses existirem. Ela continuou sem entender, mas dava para sentir o descontentamento em suas palavras: "você é ateu?".
"Não, não sou ateu!", assegurei. Pois o ateu "sabe" algo mais que o agnóstico. Ele está certo de que deus não existe, enquanto que os agnósticos (eu, por exemplo) não excluem a possibilidade, apesar de - às vezes - acharem a ideia remota.
Então uma aluna cristã entrou na conversa: "e se a ciência provasse que deus existe?". Retruquei: "seria ótimo, mas os problemas só estariam começando". Por uma razão simples: provar que deus existe não significa provar que o deus cristão existe. Pode ser realmente que deus exista, mas talvez ele (ou ela, quem sabe) seja totalmente diferente do que sempre imaginamos, totalmente indiferentes aos seres humanos, por exemplo. Por que não? Portanto, para o bem das religiões, seria também ótimo que deus nunca fosse descoberto.
A essa altura, uma aluna perguntou: "então você não acredita em nada?". Argumentei: "acredito em muitas coisas e considero-me tão espiritual quanto qualquer religioso dentro de uma igreja". Só não estou certo de que deus funcione da maneira como pensamos, apesar de essa ser uma possibilidade. "Deus, se existir, deve ser algo mais", destaquei.
E terminei: "aquele que diz estar totalmente certo de que encontrou deus – encontrou outra coisa, não deus". No fundo, todos os sistemas de conhecimento humanos (incluindo as religiões) são tentativas (meras tentativas) de dar respostas a essas antigas questões. Mas, por enquanto, tenho bons motivos para continuar sendo agnóstico. Um agnóstico totalmente pronto para ser surpreendido. Ou não.
Um abraço,
Gustavo
"Não, não sou ateu!", assegurei. Pois o ateu "sabe" algo mais que o agnóstico. Ele está certo de que deus não existe, enquanto que os agnósticos (eu, por exemplo) não excluem a possibilidade, apesar de - às vezes - acharem a ideia remota.
Então uma aluna cristã entrou na conversa: "e se a ciência provasse que deus existe?". Retruquei: "seria ótimo, mas os problemas só estariam começando". Por uma razão simples: provar que deus existe não significa provar que o deus cristão existe. Pode ser realmente que deus exista, mas talvez ele (ou ela, quem sabe) seja totalmente diferente do que sempre imaginamos, totalmente indiferentes aos seres humanos, por exemplo. Por que não? Portanto, para o bem das religiões, seria também ótimo que deus nunca fosse descoberto.
A essa altura, uma aluna perguntou: "então você não acredita em nada?". Argumentei: "acredito em muitas coisas e considero-me tão espiritual quanto qualquer religioso dentro de uma igreja". Só não estou certo de que deus funcione da maneira como pensamos, apesar de essa ser uma possibilidade. "Deus, se existir, deve ser algo mais", destaquei.
E terminei: "aquele que diz estar totalmente certo de que encontrou deus – encontrou outra coisa, não deus". No fundo, todos os sistemas de conhecimento humanos (incluindo as religiões) são tentativas (meras tentativas) de dar respostas a essas antigas questões. Mas, por enquanto, tenho bons motivos para continuar sendo agnóstico. Um agnóstico totalmente pronto para ser surpreendido. Ou não.
Um abraço,
Gustavo