quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Sendo cético

Isso serve para muitas situações na vida:

"Só confie numa testemunha quando ela fala de questões em que não se acham envolvidos nem o seu interesse próprio, nem as suas paixões, nem os seus preconceitos, nem o amor pelo maravilhoso. No caso de haver esse envolvimento, requeira evidência corroborativa em proporção exata à violação da probabilidade provocada pelo seu testemunho".

Thomas Henry Huxley (1825 - 1895)

Um abraço,
Gustavo

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Esconder para ser hipócrita

Todo ser humano tem algo a esconder, invariavelmente. Pode ser um objeto, uma mensagem de e-mail, um ódio, um amor proibido, uma paixão pecaminosa, uma história ou experiência passada, enfim, qualquer coisa. A questão é que, se fôssemos realmente honestos, afrouxaríamos um pouco nosso "juízo" em relação aos outros e passaríamos menos tempo a condenar e a jogar pedras. Saberíamos, por experiência própria, que é impossível viver de modo "correto" o tempo todo. E, assim, julgaríamos menos, odiaríamos menos, pouparíamos mais.

Todavia, admitamos que isso não ocorre com frequência. E não ocorre porque a hipocrisia está arraigada no coração humano. O que observamos, na verdade, é que, embora todos tenham sempre algo a esconder, a diferença reside em que uns têm mais sucesso na ocultação dos delitos do que outros. Logo, aqueles que escondem melhor são considerados "corretos", exemplares. Os que, por qualquer motivo, deixam os segredos à mostra, esses são considerados "errados" e amorais.

Naturalmente, isso tudo faz parte do auto-engano que alimentamos diariamente. Mas é curioso, bem curioso, notar que até nos sentimos bem em meio a tanta hipocrisia.

Gustavo Miranda

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

A misteriosa chama...

Uma indicação de leitura, para quem ainda não teve a oportunidade de ler.
"A misteriosa chama da rainha Loana", de Umberto Eco.

Resuminho:
Yambo, um senhor de mais ou menos 60 anos, acorda num quarto de hospital. Ao seu lado, um médico informa que ele deve manter repouso e que o acidente sofrido deixou uma sequela: a memória. Yambo não se recorda que tem uma esposa, filhos, netos e, muito menos, que trabalha como livreiro em Milão. Também não se recorda que, em seu estúdio (onde vende os livros), há uma assistente linda e loira, chamada Sibilla, por quem, provavelmente, já alimentou desejos impuros no passado. Ao sair do hospital, Yambo tem uma difícil tarefa pela frente: reconstruir suas próprias lembranças de vida; reviver as experiências que o fizeram ser quem ele sempre foi antes do acidente. De que modo ele fará isso? Inventariando e analisando uma série de arquivos de sua infância: cadernos de escola, jornais da época de juventude, discos, cartas de amor, livros, etc. O resultado é que, a cada experiência com esses arquivos, uma parte da própria vida de Yambo vem à tona, numa trama interessantíssima e com um final surpreendente.

Como sempre tenho dito, Umberto Eco é Umberto Eco. Um dos poucos acadêmicos que consegue unir trama arrojada e informações fiéis, sem se tornar chato ou técnico demais. Meu veredicto é: li e gostei.

Um abraço,
Gustavo