segunda-feira, 31 de maio de 2010

Gratuito e a céu aberto...

E as luzes se acenderam de repente. Raios por toda parte. Aqui. Ali. Amarelados. Avermelhados. Acinzentados. Azulados. Negros. Rosados. As cores mais variadas e transitórias que já vi. No horizonte, o astro maior saindo pela porta dos fundos. Tímido. Resignado. Perdendo força. Iluminando ainda imaginações alheias; apagando os rastros do cansaço diário. Algumas nuvens de algodão estavam solidárias, na verdade reticentes ao último espetáculo do mais brilhante dos brilhantes. O turno estava terminando; o ciclo se completando. Nunca mais, em tempo algum, aquela tela, pintada ao acaso pelos deuses astronautas, iria se repetir com aquela mistura de cores e de tons. O espetáculo era único, como únicas eram as emoções de estar ali, plantado, admirando de longe, a mais comum - talvez a mais fantástica, ainda que raramente notada - demonstração de beleza da nossa mãe Terra. O relógio marcava 18:03. E o céu inteiro irradiava formosura e fazia ecoar um "Até breve, voltamos amanhã!". As luzes começaram a se apagar; e os raios a murchar discretamente. Ao longe, ainda contemplei as cortinas se fechando e o espetáculo (QUE PENA!) terminando. Aquele pôr-do-sol eu jamais veria outra vez. Também aquele "eu" jamais voltaria a ser novamente.

A vida é como um pôr-do-sol. Bela e efêmera. Clara e escura. Única e múltipla. Nada mais.

Um abraço,
Gustavo     

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Quem sou eu?

Gosto muito dos escritos do psicólogo e antropólogo Roberto Crema. Sobre a fragmentação da vida, ele escreve algo que gostaria de mostrar a vocês:

A existência foi compartimentalizada. Das oito às dezoito horas, o indivíduo veste uma persona profissional. Em casa, ostenta outro papel – de pai, mãe, filho, irmão, etc. Folga no final de semana e, geralmente na manhã de domingo, aparamenta-se de religioso. No banheiro, relaxa. Uma vez por ano tira férias dos papéis habituais, troca de rotinas. E quase nunca se pergunta: além desses papéis triviais, quem sou eu? (CREMA, 1993, p. 133).

E não é isso mesmo? Quem sou eu, além da correria do dia a dia, dos compromissos a honrar, do trabalho a executar e dos papéis de pai, mãe, filho, irmão, etc.?

Quem sou eu? E quem são vocês?

Talvez a solução das grandes dificuldades que temos atualmente em sociedade esteja diretamente atrelada a essa reflexão. Uma pena que nas escolas não se fale disso.

Um abraço,
Gustavo