domingo, 3 de abril de 2011

A dor de saber pouco ou quase nada

Não tenho certeza se as dificuldades e o sofrimento são, realmente, condições essenciais para o aprendizado e o desenvolvimento humanos. O que sei é que muitas pessoas argumentam que essas situações, de cotidianidade, de dor e de obstáculos, trazem em seu bojo aspectos positivos que, segundo elas, são capazes de nos fazer refletir sobre coisas que, de outro modo, não seriam jamais objetos de nossa análise. Isso, apesar de parecer compreensível para muitos, tem pouco significado para mim. Em primeiro lugar, porque sempre desconfio desse sentido que nós, os humanos, tentamos criar a posteriori (sempre a posteriori) sobre as dificuldades que nos assolam. A meu ver, isso serve mais como tentativa de se conformar com as coisas, de ajustar o alvo aos dardos lançados pela vida, do que como explicação factível e razoável capaz de aquietar espíritos mais críticos e inconformados (como o meu, por exemplo). Em segundo lugar, porque tenho dificuldades em aceitar a ideia de um sistema cognitivo que só atinge seu máximo desempenho quando atrelado às dificuldades e às dores diárias, embora eu compreenda perfeitamente que essa lei, de um ponto de vista seletivo, é genial e - ao mesmo tempo - enigmática. A dificuldade como mãe da criatividade. Por tabela, a constatação de que a felicidade não produz ideias interessantes! (Será?).

Isso tudo, naturalmente, são meras reflexões de uma mente atordoada e cansada de ver tantos sofrimentos mundo afora. Só queria mesmo entender por que fomos abandonados à própria sorte e por que estamos fadados a viver sempre com as mesmas dúvidas.

Faz sentido para alguém?

Gustavo Miranda
  

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