sábado, 9 de abril de 2011

O massacre de nossas convicções!

O grande mal dessa modernidade tardia - e, na verdade, não consigo decidir se deveria ver isso com bons olhos ou não - é que, além de as certezas nos terem sido subtraídas de forma traumática e violenta, ficamos também com a impressão assustadora de que os remédios que anunciavam a cura nos deixaram ainda mais doentes e acovardados diante das dúvidas. O massacre sanguinário e premeditado dessa semana, embora recorrente em outros lugares do mundo, não deixa dúvidas. Somos uma sociedade doente. Carente. E, por mais que os especialistas se esforcem agora para tentar explicar o que deu errado, sabemos que não há explicação. A não ser aquela - amedrontadora, na verdade - que constata o óbvio: estamos entregues ao caos; e não há mais regras capazes de nos devolver a tranquilidade de que gozávamos antes.

 

O que quero dizer é que a morte daquelas crianças, tão cheias de vida e certamente portadoras da esperança de um mundo melhor, representa um mal menor comparativamente à desilusão que, pouco a pouco, tem se espalhado por todos os cantos do planeta. Com isso, devo enfatizar que o grande mal do período atual é que perdemos a confiança nas rotinas capazes de controlar os comportamentos. Perdemos a fé na segurança, de um modo geral. E estamos agora a contemplar a imagem de um monstro no espelho. Nós mesmos, na verdade. Inconstantes. Problemáticos. E, sem dúvida alguma, amedrontados e vulneráveis.

 

Não se enganem! Não foi a primeira nem a última vez que inocentes morreram de modo bárbaro e planejado. Isso ocorre todos os dias. A dor desta vez é que crianças e escolas sempre foram termos que simbolizaram paz, esperança e mundo melhor. E, infelizmente, agora nem essa certeza podemos levar para o túmulo.

 

Nossa alma está em luto... pela morte de nossas convicções.     

 

Gustavo Miranda

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