terça-feira, 2 de novembro de 2010

Líquido e Fluido

Gosto muito de Zygmunt Bauman. Li seus escritos já algumas vezes e, até agora, a sensação que tenho é de admiração total. Para quem está pegando o bonde em movimento, como diziam os antigos, aqui vai uma explicação. Bauman é um sociólogo polonês que tem postulado, nos últimos anos, a ideia de modernidade líquida. O próprio nome é sugestivo, ainda que a análise seja bem mais complexa que isso: segundo ele, vivemos uma era em que os sólidos duradouros, os valores imutáveis e as premissas arraigadas estão a ruir. A característica da presente fase é ser fluida, variável, adaptável e, naturalmente, efêmera. E isso desenha, em parte, a configuração das relações e dos laços humanos que temos visto recentemente.

Uma citação, em particular, me chama a atenção. Diz ele:

"No mundo da modernidade líquida, a solidez das coisas, tanto quanto a solidez dos laços humanos, é ressentida como uma ameaça: qualquer juramento de fidelidade, qualquer compromisso duradouro, que dirá eterno, pressagia um futuro carregado de obrigações que constrangem a liberdade de movimento e reduzem a habilidade de aproveitar as novas, ainda que desconhecidas, oportunidades, quando elas, inevitavelmente, surgirem".

Será essa a explicação para os laços tão transientes e dotados de tão pouco sentido que temos observado nas sociedades atualmente? Irá tal liquidez afogar nossas relações de uma vez por todas?

São perguntas que faço a partir de Bauman. Apenas perguntas.

Um abraço,
Gustavo Miranda

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