terça-feira, 23 de novembro de 2010

Reminiscências

Reminiscências são como gavetas em nossa alma. Guardam muitas coisas. Experiências boas. Ruins. Risos. Lágrimas. Cheiros. Sabores. Sensações. Vitórias. Derrotas. Dores. Prazeres. Enfim. Sintetizam a vida. A nossa vida, ainda que ela esteja mesclada com a história de tantos outros, homens e mulheres, também portadores e portadoras de reminiscências, de experiências de vida, que cruzam ou que cruzaram o nosso caminho.

Algumas dessas gavetas foram abertas hoje. Mexi com alguns documentos e com alguns objetos que ativaram certas imagens do passado. Lembrei de pessoas. De sensações. De cheiros. E lembrei, sobretudo, de como era gostoso, descontadas a inocência e a imaturidade de minha adolescência, viver aqueles dias, que já não são mais estes, mas que permanecem tão presentes quanto os fragmentos que me remetem a eles e que, de todo modo, continuam a me influenciar hoje.

Não será exagerado dizer que a identidade de qualquer pessoa está relacionada diretamente a essas imagens, a esses fragmentos, a essas experiências trazidas do passado. A dificuldade, no entanto, em tempos de falta de espaço e de tempo, é que os objetos de nosso passado precisam ser constantemente reorganizados (o que significa muitas vezes jogá-los fora). E, aí, assombra-me a dúvida:

- Não estamos, com isso, esvaziando também as janelas de nossa alma?

Um abraço,
Gustavo Miranda

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