E bate um aperto. Quase uma solidão acompanhada. Um nó. Um caos. Medo do futuro? Do passado? Do quê? Não sei! O que sei é que sinto o tempo passando e vejo meus heróis ficando velhos. Sim, heróis. Velhos. Aqueles que me cativaram tanto, que fizeram tantos milagres e me encheram os olhos de tanta emoção. Velhos! Lentos! Doentes! Esquecidos! Daí vem a constatação amarga de que não são eles, heróis, arquétipos universais, que estão envelhecendo. Sou eu! Eu com minha mais profunda insignificância e efemeridade. Eu com meus erros. Com minhas tolices. Minhas desculpas. E meus desesperos. Sei bem que é preciso ter coragem para enfrentar as interrogações do ser. Porque o aperto vem. A solidão não tarda. O nó cada vez mais enforca, sem que tenhamos nossos heróis por perto para nos salvar. Mas a verdade é que é tão difícil, tão difícil, que as asas do suicídio (asas de falsa liberdade) mostram-se sedutoras demais nesses momentos de pura desilusão.
Gustavo Miranda
Gustavo Miranda
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