terça-feira, 8 de março de 2011

O doce e o amargo

O desencanto foi inevitável. Automático e irreversível. Pois, tão logo a realidade se desenhou nítida e inconfundível, as fantasias acabaram desconstruídas e reduzidas ao pó. No lugar, crueza e pés no chão. Esvaíram-se as inverdades e os analgésicos da alma. Brotou pavor. Medo. E covardia diante do real, embora eu já soubesse - desde o início - que esse negócio de verdade é mesmo para poucos. Bem poucos.

Mas o que é a verdade e quem tem coragem de enfrentá-la? Não sei e ninguém nunca saberá. O que sei é que sem fantasias e sem misticismos o mundo se torna pavoroso e árido (Já o visitei. E recomendo! Mas com cautela. Com muita cautela!).

As fantasias adoçam a alma e tornam o peso da responsabilidade suportável. Doce veneno. A verdade, porém, liberta. Liberta, mas desencanta.

O gosto é amargo. Bem amargo! Pode dar ânsia.

 

Gustavo Miranda  

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