O receio que sinto pela morte não é maior nem menor que o receio que sinto pela vida. A morte me assombra pelas dimensões do desconhecido, da dor e da dúvida. Mas a vida também, embora - na maioria das vezes - eu seja suficientemente ingênuo (ou medroso) para esquecer desses detalhes e de seus desdobramentos. O que realmente me motiva a viver, se bem que isso não chega a ser um alento, é que não tenho escolha. Na verdade, nenhum de nós tem. A opção de ser covarde para desistir desse misterioso caminho que vai da vida à morte está, em teoria, excluída. Portanto, conformo-me. Resigno-me. E sigo adiante, mesmo sabendo que a morte, assim como a vida, segue leis próprias; em geral, enigmáticas e insondáveis, assim como a imensidão do espaço e como a vastidão do tempo.
Apenas receios...
Gustavo Miranda
domingo, 6 de março de 2011
Receios
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