quinta-feira, 28 de julho de 2011

A alma boa e o tiro na cabeça

É verdade mesmo. O ser humano é a única espécie que, além de ter de lidar com um ambiente externo, tem de lidar também com um ambiente interno.

Aliás, ouso dizer que o segundo desses ambientes é o mais complexo. Pois, se - por um lado - ele é indispensável às nossas faculdades mais pessoais e à nossa identidade propriamente dita, por outro age como um inimigo interno, sempre pronto a complicar até as coisas mais simples da vida.

E não é assim mesmo que nos sentimos quando, diante de um dia lindo de sol, ficamos deprimidos e preferimos um quarto escuro?

O que acontece? Algum problema específico com o sol? Ou seria nosso ambiente interno que, por ser interno, passa a contaminar o mundo exterior?

Essas e outras questões foram profundamente estudadas pelos filósofos de todas as épocas. E tudo indica que, à medida que envelhecemos, mais importante se torna ter uma alma boa, já que do corpo não podemos esperar muito com o passar dos anos.

Isso posto, no entanto, convém destacar uma coisinha.

Que ninguém confunda "alma boa" com esse totalitarismo do bem que está na agenda social atualmente (essa coisa de ter princípios morais, éticos ou o que seja). Não! Para mim, "alma boa" é uma característica a ser arduamente desenvolvida e que, dentre os vários benefícios, pode até minimizar a vontade natural que qualquer ser consciente (crítico e sensível) tem de dar um tiro na cabeça de tempos em tempos.

Gustavo Miranda
      

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