Gustavo Miranda
quarta-feira, 23 de março de 2011
Cena tipicamente urbana
Gustavo Miranda
domingo, 20 de março de 2011
A foto
Típica experiência que todos nós já tivemos na vida. Experiência amarga do relógio. Dos segundos, dos minutos, das horas, dos dias e das semanas. Tudo escorrendo, de forma alegórica, através da areia da ampulheta que marca quanto já vivemos e quanto ainda podemos esperar viver.
Não espero entender por que as coisas são assim. Mas gostaria de saber por que, dentre todos os animais, somos os únicos a ter essa sórdida consciência.
A foto não me sai da cabeça... e o tempo continua passando.
Gustavo Miranda
terça-feira, 8 de março de 2011
O doce e o amargo
O desencanto foi inevitável. Automático e irreversível. Pois, tão logo a realidade se desenhou nítida e inconfundível, as fantasias acabaram desconstruídas e reduzidas ao pó. No lugar, crueza e pés no chão. Esvaíram-se as inverdades e os analgésicos da alma. Brotou pavor. Medo. E covardia diante do real, embora eu já soubesse - desde o início - que esse negócio de verdade é mesmo para poucos. Bem poucos.
Mas o que é a verdade e quem tem coragem de enfrentá-la? Não sei e ninguém nunca saberá. O que sei é que sem fantasias e sem misticismos o mundo se torna pavoroso e árido (Já o visitei. E recomendo! Mas com cautela. Com muita cautela!).
As fantasias adoçam a alma e tornam o peso da responsabilidade suportável. Doce veneno. A verdade, porém, liberta. Liberta, mas desencanta.
O gosto é amargo. Bem amargo! Pode dar ânsia.
Gustavo Miranda
domingo, 6 de março de 2011
Receios
O receio que sinto pela morte não é maior nem menor que o receio que sinto pela vida. A morte me assombra pelas dimensões do desconhecido, da dor e da dúvida. Mas a vida também, embora - na maioria das vezes - eu seja suficientemente ingênuo (ou medroso) para esquecer desses detalhes e de seus desdobramentos. O que realmente me motiva a viver, se bem que isso não chega a ser um alento, é que não tenho escolha. Na verdade, nenhum de nós tem. A opção de ser covarde para desistir desse misterioso caminho que vai da vida à morte está, em teoria, excluída. Portanto, conformo-me. Resigno-me. E sigo adiante, mesmo sabendo que a morte, assim como a vida, segue leis próprias; em geral, enigmáticas e insondáveis, assim como a imensidão do espaço e como a vastidão do tempo.
Apenas receios...
Gustavo Miranda