A vida passa tão depressa que, em certo sentido, chego a sentir saudade da pessoa que fui um dia. Também sinto falta de outras pessoas, embora não seja saudade física, dessas que a gente mata no encontro. Saudade do que elas foram no passado. Do que representaram para mim, do que pensaram, do que fizeram. Enfim. Saudade que não dá para matar no presente, a não ser mentalmente, de modo saudosista e parcial. Deve ser por isso que alguns filósofos separam o mundo em duas partes: o mundo que temos em nossas mentes, idealmente; e o mundo real que experimentamos diariamente. Não tenho dúvidas de que o primeiro é sempre mais interessante e confortável, embora o segundo seja como um despertador a lembrar que nossas melhores lembranças viraram fantasias e que, portanto, não correspondem mais à realidade (o que, às vezes, é bom também). O caso é que não dá para viver só no primeiro ou só no segundo desses mundos. Na transição de um para o outro, aliás, constata-se o óbvio: as coisas já não são mais como antigamente. Daí a saudade! Saudade do que fomos um dia!
Saudades de mim!
Gustavo Miranda
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