sexta-feira, 27 de maio de 2011

A solidão das redes sociais

Mesmo sendo eu um amante da "solidão", verdade seja dita. A maioria dos seres humanos (eu inclusive) só consegue mesmo suportar um tipo de solidão. A solidão com "s" minúsculo. Essa solidão é aquela solidão acompanhada, em que não se está totalmente sozinho, embora fisicamente não se esteja na presença de ninguém. É um tipo de retiro físico, ainda que sempre na companhia mental de outras pessoas, por meio de livros, músicas, lembranças, pensamentos, etc. Sou amante dessa solidão (nem sempre, claro) e acredito que toda pessoa precisa de um tempo assim. A questão é que existe um outro tipo. Solidão com "S" maiúsculo. E essa, meus caros, bem, essa é para poucos. Só consigo me lembrar de alguns monges que conseguem isso. Afirmam ser capazes de silenciar completamente o corpo, os sentimentos e a mente. Chamam isso de "meditação". E se dizem revigorados após esses momentos. Digo Solidão com "S" maiúsculo, porque - essencialmente - esse processo leva ao esvaziamento total do ser. Ou seja, trata-se de uma solidão completa, em que até mesmo o "eu" está ausente.

Não sei se sou capaz disso. Já tentei, aliás. Mas não sou monge. E minhas aspirações estão bem distantes disso. O caso é que, parece-me, as redes sociais são mais um desdobramento dessa necessidade de solidão acompanhada. As pessoas até querem companhia, mas preferem evitar o contato. Tempos modernos, afinal.

Gustavo Miranda

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