terça-feira, 28 de junho de 2011

O "até quando?" me mata...

Gente cismada como eu costuma ter preocupações que, para dizer o mínimo (o mínimo mesmo), beiram o incompreensível. É o que ocorre comigo quando a vida está boa demais, quando os pássaros estão cantando belas melodias e o sonho parece estar, enfim, conquistado. Tenho medo disso! Dessa sensação de que tudo está no lugar. De que estou feliz e de que nada poderia estar melhor. Sinto isso menos em virtude de algum suposto medo de ser feliz do que pela dimensão do desconhecido propriamente dita. Mas, ainda assim, me assombra a sensação, principalmente porque, entre tantas perguntas cabíveis, uma fica sempre martelando a minha mente: até quando vai esse sossego? Até quando vai essa alegria?

Bem sei que, para a maioria dos mortais, essa é uma prova cabal de que não bato bem dos miolos (e disso, diga-se, nunca tive dúvidas). Mas o caso é que não consigo evitar. Esforço-me ao máximo para não deixar transparecer e para não preocupar ninguém com essas coisas (são coisas minhas, afinal), porém os pensamentos estão sempre lá, sólidos, inquisitivos e realistas. Até quando? Até quando? Até quando?

Já percebi, no entanto, que - quando as coisas estão ruins - tenho a leve tendência de me portar melhor. Afinal, quando a vida vai de mal a pior, o que se espera é que, em algum momento, ela melhore e os risos voltem. Nunca vi um mendigo, por exemplo, preocupar-se com a ideia de que sua vida possa piorar. Piorar, nesses casos, é uma impossibilidade teórica e prática. Ou a vida melhora ou continua do jeito que está! Por esse motivo, nunca deixo de ser otimista quando a vida fica difícil.
 
Meu problema (se bem que não chega a ser realmente um problema) é o período "pós-dificuldade". O momento em que tudo fica bom, em que o arco-íris aparece e os pássaros voltam a cantar. Aí as perguntas não me deixam em paz e tiram o meu sono. E, entre as principais, está essa maldita interrogação (até quando?) que me leva à loucura.

Então não durmo. Esperneio. E questiono os deuses sobre essa vulnerabilidade. Mas nunca obtive uma resposta decente, a não ser a mais óbvia: é preciso ser praticamente cego, surdo e mudo, intelectualmente falando, para ser totalmente feliz neste mundo (e isso me faz lembrar que tenho vários amigos que se enquadram nesse perfil. Tranquilos. Indiferentes. E, naturalmente, felizes - tão diferentes de mim).

Não é o meu caso e receio que nunca será. Eis alguns motivos. Em primeiro lugar, porque não se escolhe enlouquecer por determinadas coisas. Em segundo, porque, se existe realmente uma tal felicidade plena, pretendo alcançá-la do jeito que sou.

Crítico. Depressivo. E complicado...       

Gustavo Miranda  

Nenhum comentário:

Postar um comentário